terça-feira, 5 de agosto de 2008

EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA


A geografia é uma ciência que está inserida no contexto das transformações gerais da sociedade e de sua dinâmica espacial. Essas transformações faz da Geografia uma ciência interessante, uma vez que, nessa época de globalização, a questão da natureza e os problemas ecológicos tornaram-se mundiais, alcançando um novo significado.
O ensino da Geografia no século XXI oportuniza ao aluno o descobrimento do mundo em que vivemos, com especial atenção para as constantes transformações ocorridas, dentre elas os notáveis avanços tecnológicos e científicos. Estudar Geografia em escala local, nacional e internacional é de suma importância, tendo em vista o seu enfoque crítico à questão ambiental e às relações sociedade/natureza, trabalhado por meio da interpretação de textos, imagens, mapas e paisagens, dentro de um contexto sócio-ambiental.
A Geografia tem a finalidade de ensinar o indivíduo a “formar raciocínio e concepção mais articulada e aprofundada a respeito do espaço”, ou seja, possibilitar ao aluno a prática de pensar os fatos e acontecimentos dentro do espaço geográfico. Para tanto, é necessário trabalhar temas que possam responder às problemáticas vividas pela sociedade, isto é, relacionando a teoria com a experiência de vida do aluno, mostrando a importância dessas vivências para ampliar e aprofundar o conhecimento já adquirido.
Neste contexto, a Geografia tem um papel significativo no processo de interpretação e apreensão da realidade espacial pelo aluno. Diante da complexidade espacial do mundo, esta ciência ocupa no currículo escolar um lugar privilegiado na formação da cidadania participativa e crítica. Portanto, o seu ensino deverá ser empreendido de forma que ajude o indivíduo a pensar a realidade e atuar nela do ponto de vista da espacialidade e através de observações, análises, interpretações, desenvolvendo assim um pensamento crítico e coerente sobre a diversidade de temáticas abordadas no contexto geográfico. Assim, esses domínios contribuem para uma educação voltada para o mundo heterogêneo, diverso e complexo, resultado da mobilidade do capital intelectual, econômico, tecnológico, social, educacional, político, cultural e biológico e da velocidade das informações, deslocamentos de indivíduos e instituições.
Sob esta perspectiva nota-se que assim como as demais ciências, a Geografia evoluiu ao longo do tempo e esta evolução reflete também na sociedade, exigindo da escola novas leituras e novos métodos de trabalho, pois a sociedade ocidental capitalista, com sua perspectiva voltada para o futuro, tem deixado de lado o passado, que é importante para que o individuo entenda as transformações atuais, do local ao global, no momento vigente.
Partindo desses pressupostos, considera-se que a Educação Geográfica possui uma pluralidade capaz de fazer entender as transformações ocorridas no decorrer do processo histórico proporcionando a formação de indivíduos capazes de se situarem de forma adequada no mundo e de influírem positivamente para que a sociedade como um todo e as relações do homem com o meio ambiente se aperfeiçoem.
Eliene Pereira

quarta-feira, 30 de julho de 2008

O APOCALIPSE

Eliene Pereira Tavares - Formada em Geografia pela UFT- Universidade Federal do Tocantins
Artigo publicado no Jornal do Tocantins

Estudos científicos sobre os impactos mundial do efeito estufa e fenômenos naturais até então adormecidos, mostram que a dinâmica natural do meio ambiente e, principalmente a ação humana sobre ele vêm contribuindo significativamente para intensificar os problemas ambientais. O mundo está sofrendo as conseqüências do impacto do aquecimento global que está provocando mudanças climáticas e no futuro a situação provavelmente se agravará.
É importante ressaltar que, a dinâmica natural, acontece de forma que não prejudica o ambiente, enquanto que a ação desordenada e inconseqüente do homem a altera, provocando mudanças em fenômenos que até então eram considerados naturais e que se tornam verdadeiras catástrofes. A exemplo, cita-se o efeito estufa - fenômeno natural importante para a existência e a manutenção das formas de vida na terra. Esse fenômeno mantém a Terra aquecida. Porém, a ação humana, vem alterando a temperatura da Terra através da emissão de gases como o metano, CFC e da queima de combustíveis fósseis. Esses fatores têm contribuído para inúmeros acontecimentos que provocam doenças e a morte de milhares de pessoas.
Os estudos disponíveis no mundo científico revelam o que irá acontecer futuramente com o planeta, caso o homem não se desperte para o fato de que ele precisa da Terra para viver. Acreditar que as previsões são mitos, ignorando os fatos, é negar um espaço harmonioso para aqueles que aqui estão e para os que ainda virão habitar este planeta.
Relembremos algumas das previsões dos cientistas: aumento da temperatura, noites mais quentes serão mais freqüentes em muitos países, inclusive em algumas regiões do Brasil, ondas de calor fora de época. Essas mudanças aumentariam o risco de doenças tropicais como malária, dengue e febre amarela; risco de infecções contraídas pelo consumo de água contaminada; queda de produtividade agrícola, agravando assim a fome e a desnutrição em países pobres.
No Brasil, a Amazônia poderá deixar de absorver carbono e passar a ser um emissor do gás-estufa, conseqüência da degradação da floresta. Ocorrerá um empobrecimento biológico se a temperatura subir de 2ºC para 3ºC, e ainda ocasionará, até o final do século, o desaparecimento de 25% do cerrado e 45% de árvores. As previsões para 2100 em relação à temperatura e o aumento do nível do oceano é preocupante, podendo ser antecipado por causa da velocidade da degradação ambiental. A temperatura passará de 1,4ºC para 5,8ºC e o nível do oceano aumentará em até 77cm.
Os muitos ciclones previstos pelos estudiosos, já é uma realidade em muitos países. O mais recente foi em Myanmar e o Brasil não está livre. Isso é conseqüência do aquecimento global, que provoca mudanças climáticas assustadoras.
Para o Brasil as previsões não são boas. Todas as regiões serão afetadas segundo dados disponíveis no site
http://www.geografiaparatodos.com.br/. A região norte, desde a seca de 2005, relacionada ao aquecimento do Atlântico Norte Tropical, a previsão é que o período chuvoso será reduzido, a umidade no solo diminuída e a vegetação semelhante ao cerrado poderá ser predominante onde hoje temos florestas; aumento da temperatura em até 8ºC fará dessa região um dos piores cenários possíveis. A Ilha de Marajó, por exemplo, poderá perder de 28% a 36% de área para o mar. O nordeste que já sofre há muito tempo com a seca, num cenário pessimista, porém possível, o clima passaria de semi-árido para árido até 2100.
Outra drástica mudança está prevista para os recifes de corais, ambientes importantes que servem de habitat para mais de 25% (
http://www.ufrpe.br/) de toda vida marinha, sendo muitas delas de interesse econômico direto, como os peixes, os polvos, as lagostas, os camarões, as algas entre outros. Esses seres estão destinados ao desaparecimento com o aumento de 3ºC a 4ºC, na temperatura da água.
Na região centro-oeste, a diminuição das chuvas, principalmente no pantanal, ameaçando as espécies de peixes, jacarés e tuiuiú. No Sudeste, as cidades litorâneas vulneráveis ao aumento do nível do oceano, as chuvas mais intensas, o mangue do litoral sul paulista poderá desaparecer. No sul, ocorrerá alteração da migração das aves, morte de moluscos. Elevação de 50cm no oceano, provocando inundação de 30% das áreas com matas nativas da lha dos Marinheiros na planície costeira do Rio Grande do Sul.
Outros fenômenos como o ciclone Nargis, resultado do choque entre ventos frios e o vapor do mar aquecido, o Vulcão Chaitén, o terremoto na China, são algumas das muitas catástrofes naturais e provocadas que aconteceram e poderão ser repetidas. São fenômenos preocupantes e devastadores.
Segundo Normam Millerque, especialista em clima, tudo isso ameaça a vida presente e um futuro incerto. Será que o apocalipse se cumprirá? Ou “um caminho de duas mãos” (resposta da natureza – vai e volta)?
Assim, as suspeitas dos ambientalistas são cada vez mais confirmadas por cientistas. E os problemas ambientais não podem estar fora das propostas e intervenções dos governantes. É urgente proporcionar o crescimento sustentável ou o Planeta Terra morrerá.